19 September 2007

People & arts...

Andando pela rua, depois do almoço, de tempos em tempos vejo um rapaz puxando um carrinho de feira.
A primeiro coisa que me chamou a atenção é que ele tem vários recortes de capas e cartazes de mulheres nuas no carrinho e depois eu percebi que ele troca esses recorte de tempos em tempos... E nenhum fica desbotado ou rasgado.

Ele passa, puxando o carrinho, forrado com saco preto e vai olhando de lixeira em lixeira, procurando não sei o quê.
Observando melhor o rapaz, vi que ele não é sujo, não usa roupas rasgadas e nem maltrapilho. Muito pelo contrário, está sempre de camiseta colorida, de bermudão e tênis. Carrega um mochila nas costas que também não tem nenhum rasgo. E ele não é feio. Tem cabelo e olhos claros, é alto, magro, tem um jeito descolado de andar... um desses rapazes que numa noite na balada a mulherada ficaria olhando com todas as intensões.

Fiquei pensando nisso e no que ele deve procurar nos lixos... imagino que sejam latas, mas não consigo entender o por quê um rapaz bem apessoado como ele cata latas no lixo. Divagando sozinha no banquinho da praça, pensei que poderia ser por falta de oportunidade, por escolha, por problemas de saúde, etc, etc... são tantas opções que desisti.

São essas pequenas coisas que nos fazem pensar na vida... e resolvi dividir com todos...
Vai entender?

05 September 2007

Intermitências da Morte

Recentemente acabei de ler o livro do José Saramago - As Intermitências da Morte. A personagem principal desse livro é a própria morte, detalhe que só se percebe na metade do livro. Fazendo uma prévia da história: Tudo se passa num país que, depois da virada do ano, ninguém mais morre.

Desse meio discorrem todos os problemas sociais e morais que seriam ocasionados pela ausência da morte, o caos nos hospitais, nas casas de repousos, no serviço funerários e no seio da família, que teriam de cuidar dos seus enfermos p/ todo o sempre. Tudo isso foi uma revolta da figura morte referente a antipatia que nós, serer humanos, sentimos dela. Ninguém a quer por perto, sempre a chamam de assassina, desalmada, que chega sem aviso, que deixamos muitas coisas por fazer e etc... A morte resolveu então dar uma trégua p/ as pessoas, decidiu enviar uma carta - na cor violeta - avisando as pessoas que seu falecimento seria dali a uma semana, irrevogavelmente e inadiavelmente. Sem choro e nem vela. Esse prazo seria p/ que as pessoas pudessem resolver seus assuntos pendentes, dívidas e problemas afins. Óbvio que ninguém fazia isso.

Mas foi esse ponto que tenho pensando muito nesses últimos tempos: o que eu faria se recebesse essa carta?
Já pensei que iria tentar visitar meus amigos, talvez faltasse um dia no trabalho p/ levar meus sobrinos no playland no shopping. Mandaria e-mails p/ os meus parentes distantes.. isso sem contar um jantar especial com a minha família. - nem vou falar nada sobre namorado, pois isso é muito intimo e pessoal :P

Foi então que percebi que já faço a maioria das coisas. Fico muito com a minha família, curto os meus sobrinhos, tento sempre ver os amigos, de tempos em tempos envio e-mails p/ os parentes distantes... só não falto no trabalho. Apesar de não fazer tudo isso com mais frequência, não me sinto tão em falta com ninguém. E não há nenhuma pessoa que eu tenha brigado a ponto de ficar sem falar.

Sendo assim, achei que a melhor coisa que eu poderia fazer é dar uma festança - a maior que pudesse - com o máximo de pessoas que gosto e que pudessem vir. Tipo uma grande despedida.

E vc? O que faria se recebesse a carta violeta?
beijos